Nas aulas dos dias 30/06 e 07/07 nos focamos na leitura e reflexão do texto "alfabetização em processo" de Emília Ferreiro, que relata o processo de iniciação da leitura e da escrita das crianças na alfabetização. Essa autora aperfeiçoou a teoria piagetiana, no que diz respeito ao processo de desenvolvimento cognitivo e os seus respectivos níveis.
A autora define os níveis, com a representação do estágio, em que a criança se encontra na ordem alfabética da linguagem. Observamos a diferença desses níveis com a teoria de Piaget, que de um modo geral, solidifica tais fases. No entanto, para a época, a teoria piagetiana, deu um grande suporte na área psicológica e educacional infantil, estendendo-se até os dias atuais.
Ferreiro, representa os níveis em: pré-alfabético, silábico e silábico-alfabético.
Pré-alfabético: "Vários modos de representação alheios a qualquer busca de correspondência entre a pauta sonora de uma emissão e a escrita". Ou seja, A representação escrita é variada e diferente da que usamos habitualmente, com o auxílio da língua falada.
Sílabico: "Com ou sem valor sonoro convencional". A representação, já se dá sem o auxílio da língua falada.
Silábico alfabético: "Precedem regularmente a aparição da escrita regida pelos princípios alfabéticos".
Cada um desses níveis são assimilados de uma maneira própria, por cada indivíduo. Pois, como explicitado nas postagens anteriores, cada ser humano faz parte de uma realidade distinta, desta forma, o modo com que ele assimila os conteúdos refletem-se em tal realidade.
Emília, descreve os diversos problemas apresentados pelas crianças no decorrer dessas fases.
O primeiro, seria o não reconhecimento nítido das palavras, a atribuição do todo não difere das partes (relação no texto).
No segundo momento, ela já consegue coordenar tal reconhecimento. O exemplo dado pela autora é bastante esclarecedor:
O texto relata a experiência de uma criança, que ao "ler" o desenho de três gatinhos, fez uma correspondência gráfica com o número de objetos. Ex: 3 gatinhos, 3 conjuntos de letras que exemplificam os gatinhos, graficamente. Desta forma, o raciocínio é o mesmo quando nos referimos ao plural, repetindo-se o conjunto de letras associando-os ao número do objeto.
Outro ponto discutido no texto e expandido em sala de aula, foi o conceito sobre tematização.
Seria o momento de entendimento de um conceito aprendido, " tomada de consciência".
Na página 15, encontramos um conceito muito próximo da teoria de Piaget, é a relação da equilibração, que Ferreiro muda o nome para "perturbações". O aprendizado conceitual do indivíduo, modifica seu conhecimento inicial. O ser humano está, continuamente, nesse processo de desequilíbrio e equilíbrio.
Segundo a autora o apogeu silábico se dá, quando a criança tem a necessidade de modificar a escrita para escrever distintas palavras. O que não acontecia na fase anterior. Desta forma, o professor deverá estimular o "erro" junto a criança, questionando sempre as formas de representação gráfica que a mesma apresenta. Fazendo com que as "perturbações" sejam assimiladas de maneira eficaz, alcançando, assim, um novo nível de equilibração.
No texto " A interpretação da escrita antes da leitura convencional" da mesma autora, nos deparamos com as mesmas abordagens, de uma maneira geral, mencionadas em outros textos e postagens.
A relação da criança com a leitura antes do aprendizado oficial das letras. Antes de chegar a escola, a criança detêm uma interpretação de mundo, pois, ao seu redor, diariamente, ela é surpreendida com textos interpretativos, seja, no supermercado, shopping, através de cartazes, entre outros. Desta forma, a criança começa a ler, ao interpretar os desenhos e fotos que vem relacionados aos produtos ou na mídia.
Por essa razão, aceitar a realidade cotidiana da criança farze-á necessária no início da alfabetização, para que, dessa forma, o educando encontre um significado real para o aprendizado.
Por tanto, o aprendizado linguístico não deve ser realizado de forma aditiva, ou seja, decorar palavras e mais palavras através da repetição. O mesmo deve concebido de forma contextualizada, a partir do entendimento real do aluno.
Outro ponto importante para ser destacado são as etapas que a criança passa no decorrer da aprendizagem escrita.
Primeiramente, a autora relata que as interpretação são definidas a partir do interior e exterior da criança.
Inicialmente, um texto só tem significado se a criança o reconhecer no contexto habitual. Posteriormente, esses conceitos vão aprimorando-se com sentido próprio e particular.
A questão que é sempre evidenciada pelo professor Ivan, é a importância de estimularmos, a todo momento, o aluno em seu caminho de aprendizagem, dando sentido e significado nos ensinamentos, partindo da aceitação da vida de cada educando.
Após essa postagem sobre o texto de Emília Ferreiro, encontrei com o meu irmão, de quatro anos de idade. Pedi para que ele desenhasse alguns objetos explicitados.
Primeiramente, citei um macaco. Ele desenhou um círculo e falou ter desenhado um macaco, como solicitado acima. Posteriormente, o pedi que escrevesse o mesmo desenho. Pedro fez o mesmo rabisco, relacionando-o com o macaco, anteriormente. Ou seja, ele representou o macaco da mesma forma, tanto na escrita, como no desenho.
Todos os desenhos que solicitei eram codificados ou escritos com traços ou rabiscos, às vezes, a escrita e o desenho eram relacionados com o mesmo traçado, como no caso do macaco, No entanto, nos últimos desenhos, essa relação entre a escrita e o desenho foram distintos. Acredito que,ao final, ele já não estava mais com vontade de brincar, perdendo, dessa forma, o estímulo.
Acho que Pedro teve alguns avanços, por conseguir relacionar a "escrita" e o "desenho", com o mesmo substantivo explicitado.